Caro colega proprietário de academia
Nosso mercado ou segmento de academias vem sofrendo, há
aproximadamente quinze anos, sucessivas, absurdas e abusivas cobranças
de direitos autorais (diga-se de passagem, não repassadas aos
artistas) por parte da Ecad. Digo absurda, pois é como se o aluno
fosse procurar a academia para ouvir essa ou aquela música de sua
preferência. Na verdade, a música tocada na academia não é utilizada
para fins comerciais, e sim como meio didático, não caracterizando,
assim, a comercialização da mesma. Também, há pouco tempo atrás, não
pagávamos a taxa de inspeção sanitária; hoje, somos obrigados a
pagá-la ano a ano, justificado pela prefeitura como empresa ligada à
área de SAÚDE, o que nos causa muita indignação pela seguinte
contradição: se somos enquadrados na área de SAÚDE para pagarmos a
TIS, deveríamos pagar só 50% do IPTU, pois, de acordo com a legislação
em vigor, as empresas ligadas à SAÚDE têm esse desconto. Não obstante
, também criaram a taxa de pessoa jurídica, mais uma cobrança para
acabar de inviabilizar o mercado, principalmente das pequenas
academias. Eis outra aberração: o personal usa nossa luz, água,
telefone, equipamentos e toda infraestrutura e querem proibir que as
academias cobrem o repasse do mesmo.
Ora, com a criação dos Conselhos Regionais de Educação Física,
esperávamos que nosso ramo de atividade tivesse o apoio desse tão
importante órgão regulador da profissão. Entretanto, o que estamos,
na verdade, vivenciando, desde a regulamentação da Educação Física em
1996, é um verdadeiro massacre contra as academias do Rio de Janeiro,
sem que o nosso Conselho nos represente, defendendo-nos contra todas
essas injustiças e arbitrariedades acima citadas, já que, nós,
heroicos proprietários de academia, pagadores dos maiores impostos do
planeta, somos do ramo que mais emprega professores de Educação
Física, ainda sendo chamados pelo CREF, pejorativamente, de
escravocratas. Não somos contra o Cref, mas sim queremos um Conselho
com visão ampla e atualizada, que respeite o profissional de Educação
Física, cobrando o valor de sua anuidade com razoabilidade, oferecendo
apoio a todas às suas reais e legítimas necessidades. Um CREF com
visão política, principalmente na área da economia e não aquele que
apoia candidato para lhe dar sustentação voltada puramente para a
coersão, levando a força policial à porta das academias, em vez de
apoiar candidatos que lutem contra essa carga tributária absurda. Por
tudo isso é que precisamos, urgentemente, parar para refletir: até
quando vamos aceitar esses abusos? Até quando continuaremos nos
acovardando diante de tamanha arbitrariedade e injustiça? A história
está aí nas ruas, nos livros, jornais, revistas, na internet: todos os
povos oprimidos e massacrados do mundo se organizaram e mudaram o
curso da história, mesmo em épocas ditatoriais. Se hoje vivemos num
regime democrático, temos não só o direito, mas principalmente o dever
de escolher alguém com a experiência de lutas, alguém que tenha
coragem e firmeza para defender, com honradez, os interesses legítimos
de uma categoria tão valorosa para o ser humano. Alguém que também
vivencie o mesmo problema. Portanto, acho que já passou da hora de
elegermos nosso representante político.
Esse texto é direcionado aos proprietários de academias.